Um dos principais obstáculos das forças políticas centralizadoras no Irã pós-Safávida foi a posição de destaque dos religiosos xiitas, fato que teve reflexos na própria sociedade iraniana. Os xás Safávidas foram aceitos como representantes do Imã Oculto, sua autoridade religiosa conferia-lhes a legitimidade do poder temporal. Porém, após a queda dos Safávidas e a ascensão da dinastia Qajar, seus xás não assumiram a posição de representantes do Imã Oculto. Aqueles que se destacassem por sua piedade e conhecimento, seriam elevados ao estatuto de mujtahidin (
Além disso muitos mujtahiddin gozavam de autonomia econômica em relação ao xá. Funcionavam não apenas como juízes em litígios civis (casos criminais cabiam ao xá), mas também como cobradores de impostos, administradores de funções religiosas, mantenedores de mesquitas e escolas, distribuidores de esmolas etc.
Com a queda da dinastia Safávida e a subida ao poder dos novos governantes que não possuíam atributos divinos, a anterior associação estreita entte o clero xiita e o Estado extinguiu-se; daí que apoiados pelo povo, os mujtahiddin tornaram-se uma força poderosa de oposição às políticas dos futuros monarcas. A crescente da influência e poder dos mujtahiddin na sociedade iraniana evoluirá durante o século XX, culminando em seu papel preponderante na Revolução Islâmica de 1978 e na formação e condução da política, da jurisprudência e dos assuntos religiosos da República Islâmica do Irã.
Belíssimo texto, muito esclarecedor.
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